A avaliação de companhias que operam em múltiplos países exige muito mais do que simples cálculos financeiros. É necessário considerar fatores econômicos, regulatórios e sociais de distintas regiões. Análises superficiais podem levar a conclusões equivocadas, afetando decisões de investimento, aquisições ou expansões.
Para garantir resultados precisos, o uso de dados robustos e a adoção de metodologias consolidadas tornam-se imprescindíveis. A seguir, exploraremos as principais etapas e cuidados para conduzir essa tarefa com excelência.
Em um cenário global, a base informacional deve ser sólida e auditada, evitando distorções causadas por divulgações enviesadas ou falhas contábeis. Sem comparabilidade internacional de dados financeiros, o analista corre o risco de subestimar ou superestimar o valor real de um negócio.
Fontes como Bloomberg, Thomson Reuters e relatórios auditados garantem maior segurança, mas ainda é fundamental aplicar critérios de homogeneização entre práticas contábeis distintas (IFRS vs. US GAAP) e considerar ajustes cambiais.
Entre as abordagens mais reconhecidas no mercado global, destacam-se quatro métodos principais:
Cada técnica apresenta vantagens e limitações específicas, sendo recomendável o uso complementar de ao menos duas delas para validar resultados.
Fluxo de Caixa Descontado (DCF): Projeta o fluxo de caixa futuro projetado e traz esses valores ao presente via taxa de desconto ajustada ao risco. Exemplo: projeção de US$ 1 milhão anual por cinco anos, descontados a 10%, gera o valor presente somado desses fluxos.
Análise por Múltiplos de Mercado: Consiste em comparar indicadores com empresas semelhantes. Se o múltiplo P/L médio do setor for 15 e o lucro for US$ 2 milhões, o valor estimado será US$ 30 milhões. É rápido, mas exige múltiplos como P/L e EV/EBITDA confiáveis.
Valor Patrimonial: Calcula a diferença entre ativos e passivos. Com ativos de US$ 10 milhões e passivos de US$ 4 milhões, o resultado é US$ 6 milhões. Útil para liquidações, mas tende a subestimar intangíveis.
Método dos Dividendos: Baseia-se nas expectativas de distribuição de lucros futuros, descontadas ao presente. Indicada para empresas maduras e tradicionais, como bancos e utilities.
Além dos métodos, indicadores-chave oferecem subsídios à avaliação e comparações mais precisas entre empresas de diferentes regiões.
Os múltiplos mais utilizados incluem EV/EBITDA, P/L, PBV e PER, indicando desempenho relativo e expectativas de mercado.
A complexidade aumenta quando consideramos diferenças entre padrões contábeis e fiscais, que podem exigir ajustes para homogeneizar informações. Além disso, a oscilação cambial e volatilidade de mercado impactam diretamente projeções e múltiplos.
A obtenção de dados pode ser limitada em certas jurisdições com menor transparência, e a seleção de pares comparáveis requer critérios rigorosos de porte, setor e dinâmica de negócio.
Para mitigar riscos e elevar a confiabilidade das análises, é recomendado adotar procedimentos estruturados:
Essas medidas asseguram maior consistência e reduzem vieses provenientes de práticas locais.
Mesmo com processos robustos, permanecem desafios inerentes: crises geopolíticas podem alterar cenários instantaneamente; mudanças regulatórias ou tributárias afetam a viabilidade das projeções; e falta de transparência em mercados emergentes pode inviabilizar o uso de múltiplos ou DCF de forma confiável.
Adicionalmente, cenários de alto risco-país aumentam a taxa de desconto exigida, reduzindo valorizações.
Avaliar empresas globais com precisão demanda a convergência de métodos, indicadores e fontes de alta qualidade. Analistas e investidores devem:
Seguindo essas diretrizes, será possível obter estimativas mais realistas e fundamentadas, guiando decisões estratégicas e investimentos com maior segurança.
Referências